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TCC Funçao social do historiador oficial para e...docx
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  1. Conceito de tempo histórico

Desde a antiguidade, o homem teve a percepção da existência de um tempo (cronológico), que transcorria, através das estações do ano, dia e noite, o crescimento dos seres vivos, e o envelhecimento.

“És um senhor tão bonito Quanto a cara do meu filho Tempo, tempo, tempo, tempo Vou te fazer um pedido Tempo, tempo, tempo, tempo

Compositor de destinos Tambor de todos os ritmos Tempo, tempo, tempo, tempo Entro num acordo contigo Tempo, tempo, tempo, tempo

Por seres tão inventivo E pareceres contínuo Tempo, tempo, tempo, tempo És um dos deuses mais lindos Tempo, tempo, tempo, tempo

Que sejas ainda mais vivo No som do meu estribilho Tempo, tempo, tempo, tempo Ouve bem o que te digo Tempo, tempo, tempo, tempo

Peço-te o prazer legítimo E o movimento preciso Tempo, tempo, tempo, tempo Quando o tempo for propício Tempo, tempo, tempo, tempo

De modo que o meu espírito Ganhe um brilho definido Tempo, tempo, tempo, tempo E eu espalhe benefícios Tempo, tempo, tempo, tempo

O que usaremos pra isso Fica guardado em sigilo Tempo, tempo, tempo, tempo Apenas contigo e comigo Tempo, tempo, tempo, tempo

E quando eu tiver saído Para fora do teu círculo Tempo, tempo, tempo, tempo Não serei nem terás sido Tempo, tempo, tempo, tempo

Ainda assim acredito Ser possível reunirmo-nos Tempo, tempo, tempo, tempo Num outro nível de vínculo Tempo, tempo, tempo, tempo

Portanto, peço-te aquilo E te ofereço elogios Tempo, tempo, tempo, tempo Nas rimas do meu estilo Tempo, tempo, tempo, tempo”.

(VELOSO, CAETANO)

Na mitologia grega, Chronos (em grego antigo significa tempo) era a divindade que personificava o tempo. Os gregos tinham três conceitos para o tempo: Chronos, Kairós, e Aeon. Chronos refere-se ao tempo cronológico, ou sequencial que pode ser medido, associado ao movimento linear das coisas. Kairós refere-se a um momento indeterminado no tempo, em que algo especial acontece. Aeon já era um tempo sagrado e eterno, sem uma medida precisa, abstrato e criativo onde as horas não passam cronologicamente.

IMAGEM 2: Chronos, o divindade do tempo na mitologia grega, dormindo sobre a tumba de Georg Wolff no cemitério Friedhof IV der Gemeinde Jerusalems- und Neue Kirche de Berlim, Alemanha. Estátua de Hans Latt, esculpida por volta de 1904 e fotografada por Mutter Erde em 2006.

Para os africanos de origem equivalente da atual região da Nigéria, Guiné, Benin, Togo e Gana (anteriores reinos: Oyó, Daomé, Abomey, Savalú, Dassa Zumê entre outros, de origem Fon, Ewê, Bobo, Fanti, Ashanti e ramificações) durante o período anterior à Era do Ferro, e até na atualidade em alguns terreiros de Candomblé, Batuque ou Tambor de Mina, principalmente nos Estados do Sul do Brasil, Rio de Janeiro, São Paulo e Maranhão (devido ao tráfego destes povos para parte do Brasil durante à escravidão negra), o tempo era associado aos deuses Irôko (Orixá, yorubá), Loko (Vodum, Jeje) e Kitembu (Nkisi, banto). Representam a vida reprodutiva, às mudanças climáticas, o crescimento e envelhecimento dos seres. São cultuados aos pés de árvores altas e largas, de grande longevidade que representa força e solidez . Isso mostra que o tempo sempre foi para a humanidade, algo instigante e vital.

IMAGEM 3: Gameleira Branca (Ficus dolaria), também conhecida, como “Barba de Velho”, Figueira Brava ou Irôko Brasileiro.

O conceito de tempo na Física é diferente do tempo para a Filosofia. Na Física, o tempo é definido como o número dos movimentos naturais. Dessa forma, não há diferença entre passado, presente e futuro. Sendo o tempo o número de posições que um corpo ocupa no espaço ao longo de sua trajetória, ele caracteriza-se naturalmente, é exterior, imortal, reversível, homogêneo. Por outro lado, o tempo da Filosofia é aquele cujas mudanças são vividas pela consciência. Separa-se passado, presente e futuro. O movimento não é mais natural, mas altera o ser que se move. Caracteriza-se pela irreversibilidade e a sucessividade.

Conforme José Carlos Reis deverá o historiador, construir um terceiro tempo, entre o tempo da Física, natural, e o tempo da Filosofia, da consciência. Este será o tempo histórico, que muito bem lembrado por Prost, não é a memória, pois esta trabalha demasiadamente envolvida afetivamente com o evento. Prost lembrará que além de se fazer a partir do tempo, a História é uma reflexão sobre ele. Daí o historiador precisará construir o tempo histórico para não reviver, mas compreender a experiência. Para isso, José Carlos Reis aponta e analisa três propostas.

A primeira proposta é a de Paul Ricoeur, propõe que os estudos históricos sejam realizados à partir da perspectiva cronológica, ditadas por calendários. Estabelece-se um evento fundador para iniciar o calendário e então se passa a caminhar por ele para frente ou para trás, conforme a pesquisa histórica assim o exigir. José Carlos Reis irá questionar a proposta de Ricoeur da criação do calendário como terceiro tempo ao afirmar que impor ao tempo humano a regularidade da natureza levará ao naturalismo positivista. Prost, aponta que o próprio tempo histórico é um produto da história e não uma construção objetiva.

Koselleck coloca em dúvida a tese de Ricoeur sobre o tempo calendário como terceiro tempo. Para Ele, o conceito de tempo histórico não se refere ao mesmo, medido da natureza. Na verdade, a noção de tempo histórico se ligaria a conjuntos de ações sociais e políticas, a seres humanos concretos, agentes e sofredores, às instituições e organizações que dependem deles. Cada um, é claro, com seu próprio ritmo de realização. O conceito de tempo histórico ainda é muito controverso, porém, é mais focado no linear do homem, diferente do tempo geológico. Ora, tais estudos nos revelam a vitalidade onde os estudos históricos estão inseridos, mostrando o quanto ainda há de possibilidades para pesquisas, realizadas pela atual geração de estudiosos, bem como as futuras, como um legado.

Logo, o tempo histórico para a chamada “nouvelle histoire” não pretendia ser uma cronologia astronômica. Negava a existência de um tempo contínuo e irreversível, defende um tempo pluridirecionado, que não é global, mas múltiplo.

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