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António apanha o comboio para o Porto

O António é professor assistente na Universidade do Porto, o que o obriga a deslocar-se à cidade invicta uma vez por semana. Por uma questão de comodidade deixa o carro em casa. A viagem é-lhe paga pela universidade. Como todas as segundas-feiras, a Cláudia levou-o então até à estação ferroviária de Santa Apolónia. Despediram-se no hall da estação com um beijo. O António tirou bilhete em segunda classe para o Intercidades, que é um dos comboios mais rápidos e confortáveis de toda a rede ferroviária nacional. A ligação entre Lisboa e o Porto efetua-se em cerca de três horas. Entrou na primeira carruagem, e instalou-se no lugar que lhe foi atribuído. A viagem naquele dia revestia-se de uma importância particular, na medida em que ele ia ser membro do júri numa defesa de tese de doutoramento. Abriu o computador portátil, e começou a reler a tese do candidato. O comboio foi atingindo progressivamente a velocidade de cruzeiro, parando unicamente nas mais importantes povoações do percurso, como Santarém, que foi uma das primeiras paragens. Foi lá que entrou um grupo de jovens com ar de estudantes universitários. Deviam ir para Coimbra, pois até levavam o traje académico vestido. O teor das suas conversas confirmou as suspeitas do António. Eram de Santarém, e tinham ido passar o fim de semana a casa. Os seus vozeirões sobrepunham-se às pacatas conversas dos outros passageiros, e só foram interrompidos pelo revisor que ia obliterando os bilhetes dos passageiros de umas carruagens para outras. A algazarra intensificou-se quando entoaram serenatas acompanhadas à viola, pandeireta, e cavaquinho. acompanhadas à viola, pandeireta, e cavaquinho. Quase a chegar ao Entroncamento, o António começou a perder a paciência, e levantou-se de rompante para os mandar calar, quando de repente, se sentiu uma travagem brusca, acompanhada de um ruído ensurdecedor. Ouviram-se gritos de pânico, e vários passageiros caíram para o chão, como peças de dominó. Houve quem se ajoelhasse para implorar todos os santos, pensando que se tratava de um terramoto. O que teria acontecido? Teria caído alguma catenária na linha férrea? A maior parte das pessoas começou a abrir os vidros, outras forçaram as portas, e começaram a sair para entender o que tinha acontecido. O António manteve o seu sangue-frio, e discretamente enxergou pelo vidro o aparatoso espetáculo. Afinal de contas, uma viatura não parara na passagem de níveis e fora abalroada pelo comboio anterior. O carro estava irreconhecível. Por sorte, o condutor saíra ileso da colisão. O António, que contava chegar ao Porto por volta das 10h30 para estar às 11 na Universidade, via assim os seus planos transtornados. Jamais conseguiria estar presente à hora marcada para a defesa de tese. Desamparado, pegou no telemóvel, e ligou para o chefe de departamento a explicar o sucedido. O chefe de departamento, conciliador, optou então por adiar a defesa para o fim da tarde. O António respirou de alívio. As autoridades locais e a CP tinham ativado um plano de emergência. Todos os passageiros seriam encaminhados para o seu destino de autocarro. O transbordo foi relativamente rápido. Ao deixar o local, lembrou-se de que afinal, aquele acidente até fazia juz à fama do Entroncamento, conhecida como “terra dos fenómenos”.

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